Ultimamente nós, brasileiros, demos de olhar para o mundo lá fora com um certo desdém. Da marolinha do Lula, ao "mercado brasileiro para ser desfrutado por brasileiros" do Mantega, parece que o mundo inteiro tomou uma contra-mão e só nós pegamos o caminho certo e, pasmem, sem trânsito, rumo ao estrelato e aos palcos do primeiro mundo.
Talvez. Talvez não. É relativamente fácil falar em "solidez do sistema bancário" que cobra os juros mais altos do mundo e se mantém sólido às custas da fragilidade do seu cliente cativo - o consumidor brasileiro.
É legal falarmos em explosão de um mercado de consumo olhando maravilhados para massas que, finalmente, no século XXI, conquistaram o direito de comprar sabão em pó, escovar os dentes, comprar máquina de lavar, até comprar casa, talvez um carro e, quem sabe, pagar a conta de luz mais cara do mundo e o combustível e os impostos mais caros do mundo.
Mas, enquanto a gente comemora isso, o resto do mundo não está parado.
A contra-mão que alguns outros países escolheram passa pela tecnologia, pela inclusão dos já tão incluídos consumidores.
O livro de papel ainda é uma novidade por aqui (é só ver o sucesso das bienais), o que é até salutar. Afinal, se o Brasil ainda é um dos poucos mercados do mundo onde os jornais crescem de circulação é porque as pessoas finalmente têm acesso à informação e à leitura. Mas é também porque as pessoas não têm, nem terão tão cedo, acesso à Internet com um mínimo de qualidade e generalizado, nem à tecnologia dos e-readers, ou dos tablets. Já vendemos 196 mil tablets, nos informa o varejo. Puxa. O governo promete o iPad brasileiro e a Positivo lança sua versão popular a R$999,00. Uau. Agora vai.
A Amazon vendeu, sozinha, mais de 17 milhões de Kindles este ano e lança a nova versão hoje, para vender 26 milhões ano que vem. Um negócio que era simplesmente inexistente em 2007.
No Brasil, estimou o congresso da INMA (International Newspaper Marketing Association), o jornal impresso como conhecemos hoje deve perder relevância em 2027.
Enquanto por aqui tanta gente comemora a entrada no mercado de consumo, compra suas primeiras carteiras e consegue seus primeiros cartões de crédito, entra no ar nos Estados Unidos - a potência decadente - o primeiro comercial da R/GA para o Google Wallet.
E o que é o Google Wallet? O fim da carteira, como mostra George Costanza no divertido comercial. Com o Wallet, você concentra no seu Smartphone os pagamentos com cartão de crédito, seus ingressos para espetáculos, eventos esportivos, pagamentos em lojas, supermercados, etc, usando uma tecnologia segura, chamada NFC, ou Near Field Communication.
E a gente? vai levando, batendo no peito pra falar do pré-sal, discutindo (mais um) imposto para a saúde e sobretaxando carros, bicicletas e tênis importados. Esta é a nossa noção de política de mobilidade urbana. Mas essa fica para depois.
E para acompanhar uma boa leitura no seu Kindle, ou no seu iPad, deixe-se levar pelos aromas de um bom Jerez Palo Cortado, que promete a suntuosidade de um Oloroso doce e, malandramente, revela um paladar seco, limpo e surpreendente.
E para acompanhar uma boa leitura no seu Kindle, ou no seu iPad, deixe-se levar pelos aromas de um bom Jerez Palo Cortado, que promete a suntuosidade de um Oloroso doce e, malandramente, revela um paladar seco, limpo e surpreendente.
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