terça-feira, 23 de agosto de 2011

De sotaques

De cara, já aviso: sou carioca. Mas vivi em São Paulo a maior parte da minha vida, meu filho é paulistano, assim como minha mulher e quase todos os meus amigos. Portanto não adianta vir com conversa de bairrismo. Mas como meu sotaque é um tanto diferente da norma que reina à minha volta, talvez os meus ouvidos sejam mais atentos para um fenômeno mais ou menos recente: a paulistanização dos sotaques nas campanhas publicitárias.
Tudo bem que São Paulo é, de longe, o maior mercado do Brasil. Mas São Paulo não é o Brasil. E, principalmente, o sotaque paulistano, que tem se tornado mais anasalado e um pouco carregado no acento italianizante, está longe de ser um denominador comum da língua falada pelo país. O mercado publicitário se esquece de uma das coisas que fez a Globo ser o que é até hoje: os seus atores passam por treinamento para padronizar o sotaque e descaracterizá-lo de influências regionais mais reconhecíveis.
Não estou defendendo o carioquês. O sotaque carioca acentuado também não serve.
Principalmente em um momento em que o mercado brasileiro se amplia e se abre para incluir parcelas maiores da população e quando se reconhece a importância do Nordeste e outras regiões, a propaganda parce estar indo na direção contrária.
Isto se deve à concentração das grandes agências, das grandes verbas, das grandes pordutoras e dos grandes clientes em São Paulo. Mas é hora de prestar atenção e entender que nem todos os consumidores estão aqui. E uma comunicação melhor com este público passa por um sotaque mais universal.
Tudo isso já vinha me incomodando. Mas está no ar um comercial da Nova Schin que me chamou a atenção. No filme, uma vizinha loira acaba enrolando o vizinho e pede para ele tomar conta do cachorrinho. A moça é bem bonita, mas confesso que eu quase não entendi o que ela fala. Tive de assistir mais de uma vez para me acostumar com o forte sotaque paulistano, marcado demais. Não sei se a veiculação do filme é só SP1, mas se for para o resto do Brasil, danou-se...
Esta é de leve e um beaujolais quase gelado cai bem em qualquer região.

3 comentários:

  1. Ivan, é para todo o Brasil, percebi também o sotaque forte.
    Mas uma propaganda que me incomoda realmente é o do suco de soja Ades tradicional.
    Veicula no canal fechado Warner (não sei se passa na TV aberta). O sotaque anasalado da mulher é tão carregado que virou piada aqui em casa.
    Defendo ausência de sotaque, ao menos que seja propositadamente um comercial regionalizado.

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  2. Mauro,
    Gostei do seu post...eu também não entendi o que a loira disse na primeira vez. E eu, como paulistano e agora com toques do sotaque jordanense, também não consegui identificar de que canto de SP é o sotaque da moça!!! Abraços e agora seguindo o blog.
    (ah! visite o meu também e siga se desejar: http://blogdonelsonsp.blogspot.com)
    Abraços

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  3. Grande Nelson, obrigado! Desde já sou um fiel seguidor! Abs!

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