sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Google Earth London



Para relaxar e curtir um pouco de Londres e do que o Google Earth com a renderização dos prédios em 3D pode fazer.
Viaje e abra um Dão branco, geladinho e com a acidez no ponto pro sol que está lá fora. Bom fim de semana!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Heroi Interior (The Hero Within)

Atendendo a pedidos, e em respeito aos meus amigos e à minha língua, resolvi fazer uma tradução do meu próprio post anterior (claro que isso também aumenta a leitura do meu blog, né?Então, por favor, podem ler e comentar se acharem que vale a pena)

Steve Jobs morreu. O mundo inteiro lamentou. Todo mundo e mais um pouco de repente tem uma história para contar sobre Jobs. Pessoas tornam-se emotivas, à beira de chorar ao relembrar seu primeiro Mac, o primeiro iPhone, ou começam a se vangloriar: “Eu tive um Newton!”, como esse tipo de coisa lhes desse uma conexão, um laço de intimidade com o homem e sua mente.
E por que isso? Por que o mundo está chorando a morte de um homem que era o CEO da maior corporação do mundo? As corporações não deveriam ser monstros maus, desprovidos de alma, que esmagam o homem comum? Não a Apple. A Apple nos fez sentir algo mais do que pessoas comuns. A Apple nos fez sentir que poderíamos compartilhar o poder. O poder do “eu” – também “i” em inglês. O meu poder. Conferido a nós pelo homem em pessoa a cada lançamento de produto.

Como isso foi acontecer? Toda era tem seus heróis. Steve Jobs foi uma espécie de personificação do herói clássico. Ele não poderia ter esoclhido uma reencenação mais perfeita da Jornada do Herói: os anos de formação, a batalha contra os gigantes, a queda e a traição, o retorno ao lar para liderar seu povo até a terra prometida.
Foi uma jornada quase messiânica, a empreendida por Steve. E o fato de seu nome ser Jobs (trabalhos) foi a perfeita coincidência. Ele viveu tudo isso. E conquistou tudo. Com a faísca da genialidade a cada momento. Ele sabia o que estava fazendo. Ele tinha perfeita consciência de que o seu não era um desafio comum, e que sua popularidade com as pessoas não era apenas por causa de produtos, ou marketing. E ele se assegurava de que tudo passasse o sentimento correto. tudo. Não apenas os produtos, a comunicação, mas suas aparições, suas palestras.

Desde o início, a história se desenrola como uma epopéia: o jovem que inventou um computador mágico em uma caixa de madeira que transformaria o mundo. Ao seu lado, seu melhor amigo e feiticeiro fiel. Ambos deixam suas casas para empreender uma busca contra os dragões que ameaçam escravizar a humanidade. A grande, fria corporação azul (big blue é um apelido da IBM). Como o próprio Steve Jobs afirmou no lançamento do Macintosh e do agora histórico comercial 1984 da Chiat, Day, dirigido por Ridley Scott. Ele forjou alianças com as pessoas ao identificar claramente o inimigo comum e ao tomar destemidamente a liderança da luta contra ele. Mas – e isto é fundamental para o seu sucesso – ele entregou o que prometeu. Os produtos, a tecnologia e sua condução da luta tocaram e inspiraram a imaginação de incontáveis defensores, advogados da sua marca. Ele era legítimo. Autêntico. Os dragões podiam até não ser tão terríveis, afinal, mas ele certamente nos fez sentir como se fossem.
Então, ele caiu em uma emboscada. Foi traído. Expulso do seu próprio palácio, da sua terra e do seu povo. Por alguns erros próprios, algumas alianças ruins, algumas escolhas infleizes. O herói tinha caído. Mas o mundo todo observou maravilhado quando ele começou a se levantar. Vagarosamente. De joelhos, ele tomou sua espada e conseguiu ficar novamente de pé. E agora, o que vem a seguir? (next, a marca que ele criou quando deixou a Apple) todos se perguntaram. A batalha que se seguiu foi lenta, sangrenta e quase destruiu o palácio que ele havia construído anos antes.
Mas ele triunfou e retornou para o seu povo. Mas a luta não estava terminada. ela não pode terminar, porque a chama precisa ser mantida acesa. O inimigo original havia sido derrotado até à morte (ao menos no mercado dos computadores pessoais). Mas havia um novo inimigo, ainda mais terrível – e também azul. Um dragão nos portões do palácio. Seu nome: Microsoft. Ele tinha uma arma poderosa, roubada das terras de Apple: o Windows.
Mas o nosso aprendiz de feiticeiro havia evoluído para além disso. Com seus novos poderes, ele levou seu povo para muito além dos domínios do computador pessoal. Ele abriu os mundos da música, entretenimento, mágicas telas sensíveis ao toque. Novamente dando às pessoas a sensação do poder, agora em pequenos gestos que poderiam mudar o mundo. Todo o poder aos nossos dedos. Puro encantamento.
Então, o líder anuncia: a luta terminou para ele. Ele está renunciando. Sua saúde frágil como uma testemunha de sua vida de lutas, de sua longa e gloriosa busca. Ele lutou por nós. No processo, acabou por transformar sua empresa na corporação mais valiosa do mundo.
Este é o desafio que se coloca diante da Apple: agora que o herói se foi, ela se transformará no próximo dragão? Ela conseguirá levar a busca adiante? E pelo que ela está lutando agora?

The Hero Within


Steve Jobs died. The whole world mourned. Everybody and your aunt suddenly have a story to tell about Jobs. People get emotional and at the verge of crying remembering their first Mac, the first iPhone, or start bragging themselves: “I had a Newton!”, as if this sort of thing gave them a connection, some intimate tie to the man and his mind.
Why is that? Why is the world mourning a man who was the CEO of the world´s largest corporation? Aren’t corporations supposed to be bad, mean, soul-less behemoths that crush the common man? Not Apple. Apple has made us feel something more than common. Apple made us feel that we could share the power. The i power. The power of me. Bestowed upon us by the man himself at every product launching event.
How has that come to be? Every time has its heroes.  Steve Jobs was a kind of modern personification of the classical hero. He could not have asked for a more perfect reenactment of the Hero’s Journey: the formation years, the battle against giants, the fall and betrayal, the return home to lead his people to the promised land.
It was almost a messianic journey, that of Steve. And that his name happened to be Jobs was the ultimate coincidence. He lived it all, and conquered all. With a spark of genius every time and again.
He knew what he was doing. He was quite conscious that his was not a common challenge, and that his appeal to the people wasn’t just about products and marketing. And he made certain it had the right feeling. Everything. Not just the products, the communication, but his appearances, his speeches.
From the beginning, the story unfolds as an epic tale: the young man who invented a magical computer in a wooden box that would change the world. Along with him, his best friend and faithful sorcerer. Both of them live their homes to go on a quest against the dragons that menace to enslave humankind. The big blue, cold corporation. As the young Steve Jobs himself stated in the launching of the Macintosh and the now historic Chiat, Day 1984 commercial, directed by Ridley Scott. He forged alliances with people by clearly identifying the common enemy and fearlessly taking the lead of the fight against it. But – and that’s instrumental to his success – he delivered. The products, the technology and his conduction of the fight touched, and inspired the imagination of countless advocates. He was legit. The dragons could not have been so terrible, but he certainly made many of us feel this way.
Then, he was trapped. Betrayed. Expelled from his own palace, from his land, and from his people. By some of his own mistakes, some bad alliances, and some ill-fated choices. The hero had fallen. But the whole world watched in awe as he started to get up slowly. On his knees, he took his sword and managed to get up. Now, what is Next? Everybody asked. The battle that ensued was slow, bloody, and almost destroyed the palace that he had built years before.
But he triumphed and returned to his people. But the fight wasn’t over. It can’t be, for the flame has to be kept alive. The original enemy had been beaten to death (at least on the personal computers market). But a new enemy, even more terrible, and also blue, was there. A dragon at the gates. Its name: Microsoft. It had a powerful weapon, that it had stolen from Apple’s lands: Windows.
But our sorcerer’s apprentice had evolved beyond that. With his new powers, he took his people far beyond the realms of personal computing. He opened up the worlds of music, entertainment, magical touch screens. Time and again giving people the sensation of power in little gestures that could change the world. All the power to our fingers. Pure enchantment.
Then, the leader announces: the fight is over for him. He is stepping down. His poor health stands like a testimony of the life of fights, of the long and glorious quest. He fought for us. In the process, he happened to turn his company into the world’s most valuable corporation.
That’s the challenge that lies ahead for Apple: now that the hero has gone, will it turn into the next dragon? Can it go on with the quest? And what is it fighting for?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Papel, Cartão e Petróleo - Pra Frente Brasil

O Brasil do futuro lê jornal de papel, paga com cartão e queima gasolina. O mundo lá fora lê nas telas, paga com telefone e usa eletricidade gerada, cada vez mais, por tecnologias não-poluentes.
Ultimamente nós, brasileiros, demos de olhar para o mundo lá fora com um certo desdém. Da marolinha do Lula, ao "mercado brasileiro para ser desfrutado por brasileiros" do Mantega, parece que o mundo inteiro tomou uma contra-mão e só nós pegamos o caminho certo e, pasmem, sem trânsito, rumo ao estrelato e aos palcos do primeiro mundo.
Talvez. Talvez não. É relativamente fácil falar em "solidez do sistema bancário" que cobra os juros mais altos do mundo e se mantém sólido às custas da fragilidade do seu cliente cativo - o consumidor brasileiro.
É legal falarmos em explosão de um mercado de consumo olhando maravilhados para massas que, finalmente, no século XXI, conquistaram o direito de comprar sabão em pó, escovar os dentes, comprar máquina de lavar, até comprar casa, talvez um carro e, quem sabe, pagar a conta de luz mais cara do mundo e o combustível e os impostos mais caros do mundo.
Mas, enquanto a gente comemora isso, o resto do mundo não está parado.
A contra-mão que alguns outros países escolheram passa pela tecnologia, pela inclusão dos já tão incluídos consumidores.
O livro de papel ainda é uma novidade por aqui (é só ver o sucesso das bienais), o que é até salutar. Afinal, se o Brasil ainda é um dos poucos mercados do mundo onde os jornais crescem de circulação é porque as pessoas finalmente têm acesso à informação e à leitura. Mas é também porque as pessoas não têm, nem terão tão cedo, acesso à Internet com um mínimo de qualidade e generalizado, nem à tecnologia dos e-readers, ou dos tablets. Já vendemos 196 mil tablets, nos informa o varejo. Puxa. O governo promete o iPad brasileiro e a Positivo lança sua versão popular a R$999,00. Uau. Agora vai.
A Amazon vendeu, sozinha, mais de 17 milhões de Kindles este ano e lança a nova versão hoje, para vender 26 milhões ano que vem. Um negócio que era simplesmente inexistente em 2007.
No Brasil, estimou o congresso da INMA (International Newspaper Marketing Association), o jornal impresso como conhecemos hoje deve perder relevância em 2027.
Enquanto por aqui tanta gente comemora a entrada no mercado de consumo, compra suas primeiras carteiras e consegue seus primeiros cartões de crédito, entra no ar nos Estados Unidos - a potência decadente - o primeiro comercial da R/GA para o Google Wallet.
E o que é o Google Wallet? O fim da carteira, como mostra George Costanza no divertido comercial. Com o Wallet, você concentra no seu Smartphone os pagamentos com cartão de crédito, seus ingressos para espetáculos, eventos esportivos, pagamentos em lojas, supermercados, etc, usando uma tecnologia segura, chamada NFC, ou Near Field Communication.
E a gente? vai levando, batendo no peito pra falar do pré-sal, discutindo (mais um) imposto para a saúde e sobretaxando carros, bicicletas e tênis importados. Esta é a nossa noção de política de mobilidade urbana. Mas essa fica para depois.
E para acompanhar uma boa leitura no seu Kindle, ou no seu iPad, deixe-se levar pelos aromas de um bom Jerez Palo Cortado, que promete a suntuosidade de um Oloroso doce e, malandramente, revela um paladar seco, limpo e surpreendente.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

General Mills, larica, uma dose de coragem e boa propaganda

Esta certamente não passaria em nenhuma pesquisa. E nem seria considerada na maioria das grandes empresas. E não foi uma start-up da web, nem o produto era para jovens, mas um gigante e conservador bancou a ideia.
General Mills é uma gigante multinacional do setor de Food CPG (Consumer Packaged Goods). O que quer dizer isso? quer dizer que eles brigam por mínimas porcentagens de margens, mercados disputadíssimos, em uma arena que não aceita players pequenos. Pouco conhecidos por aqui, têm algumas marcas de maior prestígio nos EUA. Green Giant, Pillsbury, Progresso, Betty Crocker, Cheerios e Wheaties, são algumas.
E não é que vem da General Mills uma campanha corajosa e muito divertida, que rompe com todos os estereótipos aceitos, pesquisados e repesquisados por todas as empresas do setor? Vale a pena dar uma olhada. Além de super bem pensada e produzida, a campanha é inovadora no conteúdo.
O produto é um novo brownie light da marca Fiber One, que tem mais fibras. O público-alvo é a população dos chamados baby-boomers (a geração que viveu o auge do sexo, drogas e rock n' roll dos anos 60). Nada de mulheres em forma, famílias felizes, cenas de lazer ao ar livre, etc. A campanha é estrelada por Cheech e Chong, uma dupla conhecida por filmes totalmente non-sense em que vivem atrás de maconha e altos baratos.
O formato também é divertido e diferente: o (falso) lançamento do novo filme da dupla: Magic Brownie Adventure. Para entender bem a coragem da General Foods, dê um Google para magic brownie e vc vai ver o que eu quero dizer. Só, meu...
Os resultados de engajamento online e views dos vídeos já começam a aparecer. Ideia genial da agência (Publicis Modem), mas méritos de um cliente que não tem medo de errar, de tentar, para inovar.
Cheers! Vamos de Pisco Sour, o drink-símbolo do Peru, feito com pisco, um destilado de vinho feito também no Chile. Como me ensinou já há alguns (muitos) anos um senhor muito simpático, barman do histórico hotel Gran Bolívar, em Lima, o pisco sour leva pisco, suco de limão, açúcar, gelo (familiar?) e uma clara de ovo crua. Tudo junto e bem batido na coqueteleira. Depois, duas gotinhas de angostura por cima. Hay que porbarlo!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Criatividade tem idade?


Steve Jobs tem 56 anos. Mark Zuckerberg tem 27. Quem arriscaria dizer qual dos dois é mais criativo? Agora com Jobs fora da Apple, a grande pergunta é como ficará a empresa que revolucionou vidas e mercados sem o seu maior inovador?
É no mínimo irônico pensar que tantas pessoas (são mais de 740.000 menções no Google, contra quase 30.000 do fundador do Facebook) dêem tanta importância a um homem de 56 anos. Afinal, se ele não é nem da Geração X, o que dizer da Y?
Por outro lado, Mark Zuckerberg tem apenas 27 anos e criou o Facebook lá pelos seus 20 anos (sete anos? Caramba! O facebook já está bem velinho, né não?!)
Chuck Close, pintor americano, nasceu em 1940 e, mesmo parcialmente paralizado desde 1988, segue sendo uma das maiores forças criativas da arte contemporânea (vale a pena ver aqui e emoutros sites e ao vivo, no MoMA e  no Metropolitan Museum, em Nova York).
O importante desta história é entender que não há idade para a criatividade.
Outro dia em um grupo do Linkedin, debatia-se exatamente isto: existe uma idade limite para decretar que o sujeito não tem mais capacidade de gerar ideias criativas no mundo digital?
Acredito que não. E acredito que há um grande engano nas avaliações que o mercado faz das chamadas Gerações X e Y, assim como tantas antes e as que estão por vir.
Tenta-se classificar as pessoas de acordo com os anos de seus nascimentos e atribuir a elas um padrão cultural e comportamental homogêneo. A gente sabe que não é bem assim que acontece na vida real. Como classificar em um mesmo subgrupo pessoas nascidas em 1965 e 1981, por exemplo? Como entender que apenas quem nasceu depois disso é geração Y, porque foi alfabetizado com computadores e Internet?
Posso dizer que gente da minha geração já saiu da escola aprendendo a mexer com computadores pessoais, graças à geração chamada de baby-boomer, do Steve Jobs, por exemplo. A Internet, e-mail, as primeiras redes sociais (sim, o Orkut e o Facebook não foram os primeiros) fazem parte da cultura de uma boa parte desta geração. Será que, por receber o rótulo de Geração X, as pessoas desta geração são menos capazes de pensar o digital?
Larry Page e Sergey Brin (leia-se Google) que o digam. Só para constar, eles nasceram em 1973...
A criatividade não está ligada à idade. Nem para menos, nem para mais. Nem a línguas, nem a fronteiras. Nem a barreiras físicas. Hoje isto já é muito mais percebido do que antes. Não se deve confundir idade com capacidade criativa. E também não se deve impedir a renovação e a criatividade de prosperarem. Na essência, criatividade não é nada sem propósito. O essencial é conhecer as pessoas, a essência do drama humano e seus caminhos. E isso não muda. Podem mudar os meios, os veículos, mas não deixamos de ser humanos porque pertencemos à geração X, Y, ou Baby-Boomer, ou qualquer outra coisa.
Martin Weigel, Head de Planning da Wieden + Kennedy Amsterdam define bem este problema do ponto de vista de um planner (no blogunplanned – leia aqui): “O contexto no qual trabalhamos e as maneiras como empregamos podem estar mudando. Mas sempre mudaram, e sempre mudarão. Então, creio que o que vai assegurar nosso futuro já é verdadeiro hoje, assim como era há 40 anos.” 
Abra um branco Gewurztraminer (pode ser da Alsácia, mas já temos bons chilenos e até brasileiros) geladinho – para acompanhar estas noites de inverno com calor de quase 30 graus – e inspire-se. Boas ideias!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Think Different

O assunto do dia, da semana, que conseguiu até ter mais atenção que a crise mundial: a renúncia de Steve Jobs como CEO da Apple. Sem babar ovo, o cara realmente marcou época. Mostrou o quanto é importante ter uma visão clara a guiar os nossos passos. Eu aprendi a programar em um Apple II (claro que pirateado oficialmente sob as bençãos do governo brasileiro com a tal reserva de mercado da informática). Depois, veio o Macintosh. E tudo mudou para sempre. Mesmo quem é partidário do Windows hoje deve muito ao Mac OS e sua interface gráfica. Que não foi Steve Jobs que inventou. Mas foi ele que entendeu como levar isto ao mundo. Como foi com o iPod, com o iPhone, com o iPad...e tudo mudou para sempre. De novo.
Nem tudo o que ele fez, nem tudo o que a Apple faz deu certo. Nem é tão bacana assim. E, no final das contas, a gente não deve se esquecer nunca de que ele é um empresário e a Apple, uma empresa.
Mas a Apple tem um relacionamento de mais de 30 anos com a mesma agência de propaganda. E talvez isto esteja na origem e na essência da construção de um mito que supera qualquer definição de marca. Uma marca que se tornou um culto.
Isto também é parte da visão. E, para mim, nenhum outro comercial simboliza esta visão e tem a permanência da mensagem que a campanha Think Different alcançou. Se nunca assistiu, assista, se já viu, veja de novo. Preste atenção no texto. Quanto texto! (depois dizem que texto demais fica cansativo...) e repare: não tem produto. nem demonstração, nem pack shot, nada. Qual o ROI deste comercial? Como calcular o retorno em vendas de uma mensagem que dura até hoje? Que grudou na marca e no seu criador para sempre?
Para pensar e brindar ao Steve com um Porto velho vintage, de preferência 1955, que foi o ano do seu nascimento. Para abrir com cuidado e tomar aos poucos, saboreando e alimentando novas e bem-vindas visões do ex-CEO e novo Visionário-chefe da Apple.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Square. Seu foursquare faz isso?

Square é um aplicativo novo para iPhone e Android. Por enquanto funciona lá na matriz. Para o comerciante, transforma o iPhone, ou Smartphone em leitor de cartões. Até aí, quase normal (por lá...). Mas o Square também permite que vc crie uma conta na loja, restaurante, etc. com os dados do seu cartão. Da(s) próxima(s) vezes que vc for até lá, é só ativar o aplicativo do smartphone e a conta está paga. Sem cartão, sem dinheiro, sem cheque. O débito é automático no seu cartão. Não precisa mais de carteira, nada, nada. O Square também tem ferramentas de mídia social, como um guia com os estabelecimentos conveniados, etc. Parece bacana. Quer ver? https://squareup.com/

terça-feira, 23 de agosto de 2011

De sotaques

De cara, já aviso: sou carioca. Mas vivi em São Paulo a maior parte da minha vida, meu filho é paulistano, assim como minha mulher e quase todos os meus amigos. Portanto não adianta vir com conversa de bairrismo. Mas como meu sotaque é um tanto diferente da norma que reina à minha volta, talvez os meus ouvidos sejam mais atentos para um fenômeno mais ou menos recente: a paulistanização dos sotaques nas campanhas publicitárias.
Tudo bem que São Paulo é, de longe, o maior mercado do Brasil. Mas São Paulo não é o Brasil. E, principalmente, o sotaque paulistano, que tem se tornado mais anasalado e um pouco carregado no acento italianizante, está longe de ser um denominador comum da língua falada pelo país. O mercado publicitário se esquece de uma das coisas que fez a Globo ser o que é até hoje: os seus atores passam por treinamento para padronizar o sotaque e descaracterizá-lo de influências regionais mais reconhecíveis.
Não estou defendendo o carioquês. O sotaque carioca acentuado também não serve.
Principalmente em um momento em que o mercado brasileiro se amplia e se abre para incluir parcelas maiores da população e quando se reconhece a importância do Nordeste e outras regiões, a propaganda parce estar indo na direção contrária.
Isto se deve à concentração das grandes agências, das grandes verbas, das grandes pordutoras e dos grandes clientes em São Paulo. Mas é hora de prestar atenção e entender que nem todos os consumidores estão aqui. E uma comunicação melhor com este público passa por um sotaque mais universal.
Tudo isso já vinha me incomodando. Mas está no ar um comercial da Nova Schin que me chamou a atenção. No filme, uma vizinha loira acaba enrolando o vizinho e pede para ele tomar conta do cachorrinho. A moça é bem bonita, mas confesso que eu quase não entendi o que ela fala. Tive de assistir mais de uma vez para me acostumar com o forte sotaque paulistano, marcado demais. Não sei se a veiculação do filme é só SP1, mas se for para o resto do Brasil, danou-se...
Esta é de leve e um beaujolais quase gelado cai bem em qualquer região.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Brazil's Northeast and the US Hispanic Experience

Brazil's recent economic expansion has brought to the attention of marketers and global brands the country's Northeastern region. Due to the general lack of knowledge about a largely forgotten market, some local brands strongly connected to the people and their roots have developed there. Mainstream brands that dominate the “more developed” southern markets are having a hard time trying to decode the ways and the keys to the northeasterners hearts and minds.
It's a market within the market. A whole new ballgame. Hispanic agencies in the US, and the way the American market have come to understand and profit from diversity come to mind as the best model to deal with this new reality of a growing country within a country in Brazil.
To meditate over a glass of good wine from the São Francisco river valley.

Nós e Eles: um olhar enviesado sobre a classe C

Estou um pouco cansado, confesso, de tantas discussões e pesquisas sobre a Classe C e, mais recentemente, sobre a Classe D. Ficamos do alto de escritórios muito bem mobiliados e com ar condicionado lançando visões definitivas e descrições detalhadas sobre “eles”. Mais precisamente sobre “elas”, porque atualmente há um fascínio contagiante no mercado pelo público feminino das “classes populares”, estas mulheres quase que rasgadas de uma página de folhetim das revoluções culturais socialistas que carregam nas costas a sobrevivência de toda uma nação. Falta só a Internacional tocar ao fundo e materializar-se na nossa frente uma daquelas campesinas determinadas e duras. Mas, cuidado, este é o perfil de uma parte da Classe D, porque quando esta mulher consegue ascender um pouquinho na escala social, ela se transforma em uma ávida consumidora de cosméticos e shampoos, que se acha bonita e se preocupa com sua beleza. É como se uma transmutação ocorresse junto com o recém-adquirido poder aquisitivo. A própria Cinderela e sua abóbora / carruagem. Mas aprendemos que esta mulher não sonha, não ama, não compartilha de sentimentos, impulsos e motivos tão ancestrais quanto a natureza humana.
Quem são eles? nos perguntamos. Quem são estes seres? Como em todo mercado, rapidamente se multiplicam os “donos” da Classe C, os detentores dos canais, dos veículos e dos segredos que abrirão as portas de um mercado fantástico e bilionário. Joga-se o bom-senso no lixo, espera-se que os arautos deste novo povo se manifestem. Afinal, como podemos saber o que “eles” querem, comem, ouvem, pensam, amam? esquecemos o fundamental. Esses novos consumidores são, antes de tudo, gente. Pessoas de carne e osso que têm reações e manifestações tão humanas e legítimas quanto as nossas. O que é preciso, fundamentalmente, é encará-los como tal. De igual para igual.
Não quero aqui reduzir a importância de pesquisas e estudos. Acho que pesquisas etnográficas são bastante interessantes para compreender qualquer público. Porque ninguém acha que é necessário fazer uma pesquisa etnográfica para entender a classe AAA? Afinal, todos nós sabemos tão bem assim como vivem os milionários brasileiros? o que move suas decisões de consumo, seus hábitos?
E como vive a classe B? o que ela assiste, onde ela vai, o que ela compra? Mas é bacana ir até uma casa pobre, conversar com uma família, fazer umas fotos, de preferência de canecas de lata de molho de tomate e de mofo na parede, com muito fio aparente. Como os turistas que vêm visitar as nossas favelas. Fazemos safáris mercadológicos às terras da Classe C/D. E criamos uma nova modalidade de pesquisa: o empregada monitor. “Perguntei pra minha empregada”, “minha empregada me disse” viraram dogmas proferidos com frequência nas salas de reunião. Não que a palavra da empregada não conte, mas o que questiono é esta percepção da parte pelo todo. Como se todas as mulheres das classe “populares” fossem iguais. Pensassem do mesmo jeito. Afinal, são “empregadas”.
Uma boa leitura sobre este tema encontrei nesta coluna: http://www.cartacapital.com.br/politica/o-que-quer-a-classe-c
Vale a pena. Me fez lembrar um trabalho já de alguns anos (antes desta explosão da classe C) sobre habitação popular para um cliente. Uma das coisas com que nos deparamos foi um destes programas de pintar as fachadas das casas nas favelas de cores berrantes, para ficar parecido com a Boca na Argentina. Desde a década de 50 eles não dão certo no Rio – quando tentaram pintar as favelas de amarelo – e não darão certo por aqui. Porque são impositivos. São concebidos a partir de um olhar bem-intencionado, mas de fora para dentro. Você gostaria se a prefeitura chegasse um belo dia e dissesse: olha, agora vamos pintar sua casa! escolha uma destas cores, para ficar dentro da palheta que projetamos! temos verde limão, amarelo cítrico, laranja, rosa choque...por que você iria querer pintar de branco? que sem graça!
A mesma reflexão a gente pode fazer para o mercado do Nordeste, esta pátria da Classe C que fica a algumas centenas de quilômetros de distância, separado de nós do sul por caminhos insondáveis. Mas fica para uma outra vez.
Por enquanto, depois de tanto desabafo, e em homenagem ao calor de um final de tarde de inverno que mais parece verão, uma taça de Miolo Brut Rosé para mostrar que classe C também pode ser feliz!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Storytelling

Pois Storytelling está na moda como nunca.
Cada vez mais gente falando e cada vez mais gente assumindo a paternidade. Mas storytelling não tem pai nem mãe, não. Nasceu com o Homem e faz parte da gente. Storytelling também não é criar websodes e caisas bacanas na Internet. Não. Storytelling não é digital. É humano. E é por isso que é legal, é fácil de entender, atrai tanta gente. De verdade.
Por isso a ação que a BT e os organizadores das Olimpíadas de Londres resolveram fazer é tão legal. Para envolver mais os londrinos e os ingleses, quem quiser vai tornar-se um storyteller e contar um pouco da história das Olimpíadas e o que elas têm a ver com as suas vidas. Vale Twitter, Facebook, mandar textos, etc. Não é concurso, nem promoção. Eles apostam na força das boas histórias e na necessidade que todos temos de contar e de sermos ouvidos.
Pra ler e pensar com um bom jerez, como gostam tanto os súditos da rainha. Para esta nota, um Fino geladinho cai muito bem.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Insights não existem!

Da prettylittlehead Farrah Bostic: There are no such things as insights

“insights” is another crime against the English language that Adland has perpetrated upon corporate culture.  I often joke that “insights” are not just strewn about the place waiting to be spotted by brand managers and strategists; they were not left, neglected, under your chair or a stack of papers on the corner of your desk.  You can not uncover, seek, find, or land on “insights”.

nada a acrescentar. Pra ficar claro e pra pensar: a gente não tem a capacidade de fabricar insights. Uma pessoa pode ser “insightful”, o que quer dizer que ela tem conhecimento profundo e compreensão total do mercado, público, produto com que está lidando. ponto. Daí a criar conhecimento, descobrir o não descoberto viajar por mares nunca dantes navegados, ou chegar até onde nenhum homem jamais chegou, principalmente em algumas reuniões e discussões, a gente está é vendendo muito bem um produto que não existe. É quase a roupa nova do rei, lembra? (quem não lembra é só procurar nas historinhas infantis).

A gente pode fazer observações pertinentes, apontar caminhos, tudo fruto do nosso insight sobre o tema, o nosso conhecimento e domínio do tema.
Não. Insights não são pequenas sacadas geniais que resumem tudo como ninguém jamais resumiu antes, obtidas graças a mentes brilhantes de planners não menos.
Não que não haja planners brilhantes, mas mesmo eles não têm a capacidade de produzir isights iluminados e iluminantes.
Se em inglês já há confusão, aqui pelas terras brasileiras, então, nem se fala.
Insight virou uma entidade impenetrável e inexplicável: “eu sou planner. Eu tenho insights.”
Coisa de médium mesmo. Chico Xavier perde.
Obrigado, Farrah! Pode ler aqui e ver se concorda com ela: prettylittlehead.com
Ah! Para ler com calma, absorvendo as palavras, com um bom porto. De preferência vintage.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Um tablet vale por onze?

Pesquisa da Nielsen sobre os hábitos dos usuários de tablets (vários, pois o iPad não está mais sozinho...) traz algumas conclusões interessantes. Como era de se esperar, quem mais sofre com tantos gadgets são os desktop computers. Sobra também para os netbooks, que têm a mais alta taxa de abandono entre os pesquisados. Ainda é pequena (5%), mas tem toda a cara de que vira tendência já, já. Os notebooks também estão na mira. Já a boa e velha TV (principalmente a conectada à Internet) continua tranquila, junto com o smartphone querido de cada um de nós. O mais interessante é como a Nielsen definiu os impactos sobre o cotidiano do consumidor. Nada menos do que onze categorias de produtos são afetadas pelas novas telinhas. Vale a pena dar uma olhada, com um refrescante viognier argentino pra abrir o apetite.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Você é digital. Ou vai ser. Ou será muito, muito sem importância.

Pra ser digital precisa ser novo? Precisa ser dedicado? Deu no AdAge: Parece que os clientes – pelo menos os americanos – acham que sim. Enquanto 28% de toda a receita do mercado de agências da matriz vem de digital, as agências que não tem digital alguma coisa no nome, ou que não são de promo ou CRM não conseguem ainda se fazerem percebidas como capazes de produzir soluções digitais.
Não adianta nem a Leo Burnett dizer que tem 325 especialistas em digital e que isso é muito mais (e é mesmo) que muita agência exclusivamente digital. Com tudo isso, 60% do investimento em digital acaba indo mesmo é para as agências dedicadas.
O que John Wren, presidente e CEO da Omnicom falou e que está no título do post é uma constatação que parece óbvia, mas que coloca uma enorme pulga atrás da orelha das agências que não nasceram com digital no nome.

Para ler com uma taça de um bom Mersault, se vc é digital, ou com um copo d'água e aspirina se vc não é.